segunda-feira, 15 de maio de 2017

Você, aqui não.

Arte: Desconhecido


No que diz respeito as relações humanas nos deparamos com inúmeros percalços. É, nosso egoísmo e falta de empatia podem gerar tantos frutos amargos... exemplos disso são o preconceito e a intolerância.
Conceber que apenas nosso modo de enxergar e interpretar a vida é o único aceito e correto, é dizer que o mundo se resume apenas a quem eu sou ou a quem você é. (ou quem pensamos que somos)
Já parou pra pensar a respeito dos seus preconceitos? De onde eles vieram e porquê eles existem?
O diferente causa o estranhamento, isso é natural. Mas estranhamento, preconceito e ódio são coisas bem diferentes embora haja uma correlação entre elas.
Ao redor do mundo pessoas estão morrendo devido a intolerância de grupos radicais. São minorias pagando o preço pela forma torta dos outros enxergarem seus semelhantes.
Não, não existe justificativa para ter como certa uma ação que humilha, magoa, fere e mata pessoas. 
Nada legitima  isso.
Sabe o que mais me dói? (segredo nosso). O que mais me dói é saber que muitos desse crimes são cometidos por pessoas que dizem amar a Deus. São pessoas que dizem estar a serviço da sociedade para protegê-la com sua vida se preciso for; São pessoas com poder e influência capaz de estender as mãos para agregar e escolhem segregar, escolhem exterminar.
Não adianta se vestir de justificativas socialmente "aceitáveis". Muitas vezes ser aceito pelo que a sociedade tem por certo é fechar os olhos para a dor dos outros. Muitas vezes é ignorar o outro só porque ele incomoda seus "princípios". Muitas vezes, é querer amordaçar o grito de dor do outro porque destoa do seu "culto a si mesmo".
Ninguém precisa entender porque o outro é como é, porque age como age, porque faz as escolhas que faz (das mais fúteis até as mais complexas). Ninguém é obrigado a engolir "guela abaixo" questões com as quais não concorda.
Se são conceitos que impedem a convivência entre diferentes eu digo:  Se você não gosta de homossexuais, você não é obrigado a namorar ou casar com um. Se você não gosta de negros,pardos ou índios, você não é obrigado a mudar o tom da sua pele; Se você não gosta de gordos, você não é obrigado a engordar; Se você não gosta de pobre, não precisa doar todos os seus bens (embora fosse bem mais útil que seu preconceito); Se você não gosta de travesti, transexual você não é obrigado a se "montar"; Se você não gosta de crente, macumbeiro, espírita ou seja lá o que for, você não é obrigado a se "converter", entende?
O que eu quero dizer nesse exemplo chulo é: Pessoas são mais do que aquilo que você vê, não é só um gay, um gordo, uma mulher, um negro, ou seja lá o que for, é um SER HUMANO, contudo, isso não te obriga a ser como elas são nem a querer relacionamento íntimo com elas (caso seja essa a sua vontade). Ninguém é obrigado a nada, mas todos tem o dever de exercer o RESPEITO. Respeito nada mais é do que dar ao outro o direito de ser como ele é,como ele quiser, independente do quão distante ele esteja daquilo que idealizamos para ele (até porque nossas idealizações não têm que ser atendidas por ninguém, não é mesmo?). 
E se é tão difícil para você dar esse espaço ao outro de se mostrar como ele é, talvez o problema esteja em você, no espaço que você mesmo tem medo de conquistar na sociedade e no julgamento que possa sofrer ao fazê-lo (Bom pensar nisso).
Minorias não são a escória do Mundo;  Minorias tem sido espelho da Humanidade, refletindo o quão ela está doente por querer que haja cisão entre perfeitos e imperfeitos, dignos de amor ou indignos, bonitos ou feios, merecedores de afeto ou não. Minorias gritam os sintomas que a sociedade doente (e muitas vezes hipócrita) tenta maquiar todos os dias através das "boas normas e costumes".
Eu sei, são pensamentos soltos que talvez você não esteja de acordo. Nem precisa estar.
O que me faz escrever agora, é a inquietação, a indignação de saber que a prepotência está criando monstros, monstros capazes de matar seus irmãos por não encontrarem neles a perfeição que nem eles mesmos são capazes de alcançar.
O que me faz escrever agora é o choro solitário de tanta gente pelas ruas que nesse momento teme ser abusada, humilhada, espancada ou assassinada pelo "simples fato" de não ser o "filho preferido que a sociedade pariu". 
O que me faz escrever agora é a vergonha, de que seja preciso leis para dizer que não se deve ferir alguém,matar alguém.
O que me faz escrever agora é o riso que maquia almas sofridas,amedrontadas; uma alma que sofre por não poder se mostrar como é por achar que (ser como é) é uma vergonha para a família,amigos ou para a igreja.
O que me faz escrever agora é a esperança de que algo gere em você,leitor, essa inquietação,esse descontentamento, essa vontade de desconstruir conceitos que você ainda não tinha se dado conta do quão nocivos são. (para você e para os outros)
O que me faz escrever é a certeza de que nada nos faz mais "limpos" do que outros e que nada nos faz tão menores do que apontarmos o dedo na cara do outro e dizer: "Você não serve para usufruir da dádiva de viver com dignidade como eu."
O que me faz escrever é o desejo de que meus monstros interiores não sejam a causa da morte de ninguém mas que nossos monstros se entendam e façam uma bela de uma festa.
Se a gente não souber por onde começar que a gente ao menos consiga compreender que não tem outro caminho que não seja começar munidos pelo Amor.

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