É a boca que se recusa a proferir uma palavra porque tudo dói, desde o pensamento ate o som. A lágrima acaba se tornando o verso mais completo. Os olhos perdem a cor,o brilho. Os olhos se perdem em si mesmos. As mãos vazias gelam,tremem. O corpo inquieto pesa, não sabe trazer o alívio para o que roubou sua paz.
Nessas horas alma busca escuro, silêncio, alento.Dar ao pensamento asas para buscar uma luz qualquer.
Algumas dores a gente mascara no sorriso, põe uma armadura de indiferença para aparentar força. Agora me diz que força há em precisar de carapaça? Que força há na fragilidade de não ferir e só se doer. Que valor há em ser sempre colo e quando a dor chega ter que se encolher dentro de si para não esboçar qualquer traço de incerteza?
Onde andará a verdade cega que fenece? Onde andará o Amor que cansado de ser substantivo luta para ser verbo e agoniza na frieza e na maldade humana. Que mundo é esse onde oferecer o melhor é sinônimo de idiotice? Que mundo é esse onde ser de verdade e sentir de verdade é errado? Onde enterraram o Amor ao próximo?
Alma chora por ser força que enforca, por ser a semente em flor num solo ingrato, árido. Por ainda perfumar as mãos de quem lhe causa dor. Vida, faz chover, faz brotar esperança. Faz nascer frutos doces e me faz exalar um pouco mais de ti. Um pouco mais de mim, um pouco mais do Amor.