domingo, 25 de fevereiro de 2018

Inesperado

imagem via: Pinterest

O inesperado chegou me abraçando e apertou tanto que ficou difícil me desvencilhar. Veio assim de onde nunca esperei deixando as defesas adormecidas. Me bagunçando por dentro, embaralhando prioridades, conflitando princípios. 
Olho pra você e fico pensando se liberto as borboletas que insistem em fazer meu estômago se contorcer ou afogo elas com esse medo de te querer. Pensando se deixo você ocupar espaço, se deixo você desconfiar que tem na boca a arma secreta para botar meu mundo abaixo.Se te deixo saber que meu beijo pode te viciar como chocolate, que minha pele pode te fazer querer ficar...

Olho pra você e baixinho eu agradeço, por acreditar de novo, por me sentir viva, por ver em cada detalhe dos seus traços a perfeição de Deus, por sentir que em cada um deles Ele pensou em mim. Agradeço por poder te carregar nas canções que escuto, por sentir você mais perto nas tantas outras que eu canto. Baixinho eu converso com meu desejo, tentando conter a vontade de gritar.
E quanto mais penso, mais agradeço, mais desejo, mais te quero perto, mais te sinto perto. Tão perto que a textura dos seus lábios pode ser sentida pelos meus; Tão perto que te sinto meu, na pele que arde, nos poros que suam,no corpo que pulsa, no fôlego que falta.
E por falar em falta, desde que soube que seu jeito se encaixa tanto ao meu, deixei de querer procurar quem me compreendesse como eu sou: desajeitada, doida, imprevisível, intensa, amorosa, grossa. Deixei de procurar quem me aceitasse e passei aceitar da vida o presente que é te receber. Agora não falta mais nada, nada além de você, de nós dois.
Não precisa correr, pode vir no seu tempo, também preciso do meu para aceitar que também te quero perto de mim. Só me ensina como esperar sem querer fugir, como me livrar da dor que acostumei carregar para me abrir e encarar a possibilidade de sofrer outra vez, me ensina como te ter nas mãos sem ter pavor de não conseguir te manter aqui.
Baixinho ainda, eu peço que você não desista das minhas inconstâncias e esquisitices, que abra os braços pra mim e esteja disposto a me proteger de mim mesma quando for necessário. Que entenda meu jeito de dizer que te quero ainda que eu não diga, e que me mostre reciprocidade em cada gesto desajustado que eu tiver. Que não demore pra desejar ser meu e morar nessa bagunça que eu sou. Que descubra que seu lugar é aqui e que no seu peito é o meu.
Se ao te ver chegar meus olhos paralisarem, e minha boca não souber o que dizer, veste o seu melhor sorriso e me beija. Você vai entender tudo mais que restar ser dito. E por favor, queira ficar. Pra eu perder esse medo de te dizer: "Meu Bem, seja bem vindo. Mora em mim". 


domingo, 18 de fevereiro de 2018

Tempestade



Desculpe, estou sem palavras ultimamente.Perdi ,meio ao meu cansaço, o desejo de estar perto. Não pretendo usar de melancolia para me expressar, mas a realidade é que a solidão tem me abrigado melhor do que qualquer outro abraço e o silêncio me compreendido melhor do que sons aturdidos dessa tempestade que carrego.
Você não ouve meus trovões, não sente os ventos, não suspeita sequer das nuvens negras? Pudera, seus olhos se acostumaram a papéis de parede das suas paisagens favoritas, a ponto de você esquecer que existem para além das janelas outros tantos tons de vida. Em minhas mãos só restou um querer exaurido de tanto ansiar te puxar adiante daquelas lacunas na parede. 
E aquele guarda chuva, sempre no canto do meu peito, foi perdendo o sentido de existir e te ver acometido pelo dilúvio que tento conter, já não me traz tanto pavor. Já não tem porquê te poupar, não tem porquê te proteger, não mais... Quero cada gota te esbofeteando a cara, quero cada raio te dilacerando a carne, quero cada vento te devastando por dentro.
Não pretendo usar de crueldade para me expressar, mas a realidade é que a mágoa tem me sufocado tão fortemente, a ponto de qualquer traço de perdão ser insuficiente para existir. Me restou o cansaço e essa força me expulsando para longe de você. Me desculpe a grosseria, já disse que estou sem palavras ultimamente.
Nesse vômito mal grafado, não pretendo usar de tons de ameça ou anunciar uma vingança que não pretendo exercer. Não pretendo ludibriar seus olhos com aquilo que não sou mais capaz de ser: passiva, inerte e vulnerável. Também não faço questão alguma de poupar seu ego das verdades que há tanto tempo mereces ouvir.
Sim, permaneço sem palavras. Aguardando, diante desse céu que começa a enegrecer, as nuvens que trarão minha alforria, esperando dolorosamente no estrondoso trovão a libertação dos meus gritos, ansiando pelas águas que escorrerão em meus olhos e carregarão do meu coração essa tristeza que enraiza.
Suspeito que ao que cabe à você, pouco poderá ser feito, já que que teve em suas mãos meu respeito e admiração e escolheu tratá-los no berço de crueldade e desdém. Verdades não poderão ser contestadas, fatos não poderão ser revogados, maldades não poderão ser desfeitas. Te restará o breu da saudade daquilo que um dia fomos nós. A princípio, aprecie o bom tempo. Mas lembre-se, no mais tardar, será razoável à você que ao menos saiba nadar.
Como diz o antigo ditado: "Quem planta vento, colhe tempestade"
(Que chova!)



Sugestão: leia o texto ouvindo a música "Santa Chuva", interpretada pela cantora Maria Rita.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Arte: Yossi kotler
E novamente estou aqui sem saber como falar ou pra ser mais sincera, com vergonha de me deparar com esse engasgo. É difícil estar nesse lugar. Cada frase que eu vejo se formar me faz querer desistir. Eu não quero parecer tão ridícula, mas ora, o que mais eu seria agora do que isso, ridícula? Vomitando meu pesar.
Desejar o que não posso ter. Não é a primeira vez que encaro essa situação (pra ser sincera, não tenho encarado tão bem como deveria). Me sinto em um cabo de guerra, sendo eu, a corda. O correto me mandando esquecer por A + B, e o Novo me dizendo para largar o que me dói e ser livre pra sentir seja lá o que for. 
Conheço meus impulsos, minhas intensidades, minha determinação. E olha, eu morro de medo deles. Me arrebento inteira só pra bancar um desejo. E banco. Só que dessa vez... Não se trata só de mim. Meu desejo é grande mas é infundado, meu desejo é arrebatador mas é vão, meu desejo é real mas diante de uma situação completamente hipotética. Hipótese que por si só já me faz sentir a pior das criaturas.
Não há dia que eu não busque uma maneira de cessar o que me inquieta, de borrar do pensamento a imagem daquele sorriso, de sufocar o ímpeto por aproximação. Obviamente, não sou a única. São muitas, e diante delas eu me sinto um espantalho desengonçado. Me encantei pelo irreal.
Quero que ele sinta quem eu sou e queira estar perto, que se encante... e me aterrizo diante da ideia de que isso possa aconteça. Dou um passo em direção a ele e dez me encaminhando pra fuga. 
Imagino a voz, o calor, o toque, o beijo... Quero saber como é ter o cheiro dele grudado na minha pele e me lembro que ela já é território demarcado. E de novo, me sinto doer. Cheia do que não me preenche, vazia do que não posso buscar para me preencher. 
Tenho um nó na garganta; Contudo, fui incapaz de derramar uma lágrima até hoje. Sou seca, levando da vida o tapa na cara merecido. Esperando que isso me faça acordar e reconhecer que não existe outra opção do que vestir o meu sorriso encobri(dor) e seguir. 
Sempre tive motivos pra ir embora mas nunca me senti forte o suficiente para fazer isso. E a verdade é que se hoje ele estendesse a mão pra mim e quisesse me tirar daqui eu poderia acabar aceitando. Céus! Eu poderia largar tudo. Não sei se conseguiria lidar com o que isso causaria ao meu redor, nem a mim.
Por mais que eu já tenha sofrido amargamente com a falta de lealdade, eu não me vejo sendo essa pessoa desleal. Eu sei o quanto dói acordar e ler uma mensagem de outra pessoa no celular dele dizendo : "oi amor, bom dia"; Sei o quanto dói ser enganada por mensagens trocadas quando ele vai ao banheiro ou então, quando não estou perto. Eu sei o quanto dói ser ridicularizada.
Sei o quanto dói ouvir um "eu te amo" e não conseguir acreditar nele. Eu sei o que é ver a sua confiança morrer um pouco a cada dia, um pouco a cada notificação no celular ou a cada atraso ao chegar do trabalho. Eu sei o que é ver o Amor morrer por falta de respeito.
Quem sabe por tanto saber que eu busque imaginar algo que me abrigue, que me acalente e me faça sentir viva de novo. Quem sabe a ideia do encantamento vale mais do que a dor de viver um sentimento que entendo não merecer. Quem sabe esse não é o meu castigo por ter lutado tanto uma batalha que não era só minha? Quem sabe amanhã tudo passe? Quem sabe...
Sei de todas minhas dores mas Deus me livre, ser eu a ferir quem me feriu, a mentir, enganar, a usar pessoas. É por isso que em minha dor e mar de incertezas, eu desejo tanto e, contrário a tudo isso, penso: "Deus me livre que ouçam meu querer e me queiram tanto assim também."

É, renúncias doem, e quanto mais calada a renúncia, maior o sofrimento, maior a cicatriz. Enquanto posso, vou escondendo as minhas.