sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Ferida Aberta


Fotografia: desconhecido
 Conheço uma música gospel que em um dos seus versos diz assim : "Como se cura a ferida, quando perdoar é tão difícil e quando esquecer não se consegue? Como enfrentar essa vida, quando o coração já em pedaços encontra a desilusão e quebra por inteiro, num golpe baixo? Nunca imaginei chorar teu engano"

Na vida encontramos alguns percausos,obstáculos que por muitas vezes nos fazem querer parar. Mas nenhum deles pode ser tão doloroso quanto a ferida do engano, onde o golpe duro veio das mãos de alguém que antes afagava.De onde, e de quem menos esperamos.

Estancar a dor, seguir em frente, pode ser inicialmente a parte mais difícil da caminhada. Fica de pé e dar o primeiro passo depois de ter sido abatida ao chão,quando as defesas estavam desarmadas.Dar um passo após o outro, devagar,respeitando os limites da própria dor.

O tempo passa, já é possível caminhar com uma certa firmeza, mas como enfrentar a vida? Com toneladas de cicatrizes,que pesam a ponto de criamos muros,cercas elétricas, e vigilância contínua em torno da Alma, para que ninguém se aproxime novamente.

Já não é possível entender que mãos estendidas oferecem afago e cuidado, e que mãos irão trazer dor. Esquecer é impossível, por mais que se finja.Ninguém permanece o mesmo depois de um engano. Parece que a vida que antes tinha uma cor, agora traz sempre uma mancha negra. Uma nova paisagem nunca é uma nova paisagem, ela é um pouco do passado doloroso onde ficaram nossos pedaços.

Alma é um pouco como vidro, depois de quebrada não volta a ser inteira, nunca. E o desafio nisso tudo, é não ferir ninguém com esses cacos. É não repetir o que nos foi causado. O desafio é viver além do engano e acreditar de novo, confiar de novo, se entregar de novo.

A gente aprende a seguir com as cicatrizes,a gente aprende a se tornar inteiro nos pedaços...a gente só não aprende a deixar de chorar,a deixar de doer...

Porque vir ao mundo com a missão de sentir, nem sempre são flores... na maioria das vezes, são espinhos,uns espetados,outros cravados na Alma.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A Vida no Espelho




Que sejam perdoados meus medos, pois nem sempre consigo ser maior do que eles.
Que sejam perdoadas minhas mágoas, pois nem sempre consigo estancar a dor e cicatriza-las.
Que sejam perdoadas minhas tristezas, pois nem sempre a alegria tem espaço dentro de mim.
Que sejam perdoadas minha ansiedade, pois nem sempre o hoje me parece fazer acreditar em um amanhã diferente.
Que sejam perdoados meus erros, pois nem sempre a vontade de ser alguém melhor me torna alguém melhor.
Que sejam perdoados minha raiva, pois nem sempre a mansidão acolhe meus ímpetos.
Que sejam perdoados meus excessos, pois nem sempre o equilíbrio traduz o que me transborda.
Que sejam perdoadas minhas passividades, inconstâncias, impulsividades. Pois nem sempre é possível ter harmonia entre o tempo e o que deve ser feito.
Que sejam considerados meus recomeços, porque em cada um deles eu venço um pouco mais meus fantasmas.
Que sejam aliviados os meus fardos, porque muitos não escolhi carregar por vontade própria mas por Amor.
Que sejam renovadas minhas forças, porque viver no limite do findar-se é angustiante demais.
Que sejam abortadas as torturas do "Se" porque certezas absolutas é utopia e numa faísca de dúvida está o ímpeto do saber.
Que sejam recolhidos meu pedaços, porque sou o inteiro em cada fragmento meu.
Que sejam acolhidos abraços e arrancados sorrisos, porque as vezes tenho que esconder neles a fragilidade da minha dor.
Que sejam perdoados os danos que causei a mim mesmo na intenção de fazer o bem a quem não merecia.
Que sejam ouvidos os gritos que não dei,  as verdades que não indaguei, as mágoas que camuflei.
Que seja aliviado o cansaço dos meus pés por caminhar tanto tempo mais uma milha. Que seja amenizada as dores ao oferecer a outra face.
Que sejam colhidos os frutos de um bom plantio, embora o germinar da semente ainda pareça impossível.
Que sejam transformadas cada noite escura em dias de sorrisos
iluminados.
Que seja Amor tudo que tiver que ser e que seja Esperança "o vier a ser".
Que seja vida, que seja linda. Que Seja.




segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Silêncios


O que te cala?
Qual silêncio te dói?
Que grito você sufoca? O de uma dor, perda,saudade? Raiva,angústia,medo... Felicidade,Amor,Tesão?
Já parou pra pensar nas inúmeras vezes que tudo o que podemos expor daquilo que vivenciamos é o silêncio?
Muitas vezes o calar acaba gerando um sofrimento maior que a própria dor enfrentada.
Calar diante de uma afronta, de uma fofoca, de um comentário maldoso.
Calar quando se quer chorar, quando se quer "vomitar verdades".
Gritar pra o mundo ou para si mesmo até exorcizar os fantasmas,aliviar as tensões. Até se livrar da dor ou até se inundar de Amor.
Calar para não fazer sofrer, calar e se fazer sofrer. Calar para aprender o tempo certo de cada coisa,calar e deixar passar tempo demais.
O que você tem feito com o seu silêncio? O que ele tem feito com você? O que ele tem feito de você?
Faço de mim,cicatriz de uma dor outrora profunda, um pouco de letra, vírgula,exclamação e reticência. Pra que eu não esqueça de quem sou e grite em todos os meu silêncios.Pra que não seja um dia refém de um suicídio cruel,em que as palavras por não suportarem o suprimir por fim venham a sufocar.