quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Desabafo



                                                                   Ilustração: desconhecido

Aquele momento em que o sofrimento sufoca tanto que a gente se esquece da gramática, da poesia, da beleza dos versos e quer simplesmente 'vomitar a dor".
Existem pessoas que sofrem de dentro pra fora, ou seja, vivem a dor mas não expressam isso, é como se carregasse dentro de si sempre uma bomba relógio. O tempo vai passando e parece que tudo fica mais difícil. Até que , finalmente,  a bomba estoura  e ai a pessoa vai carregando o que restou dentro de si sem que ninguém ao seu redor desconfie que aquela alma está em cacos.
Sinto falta  de poder sentar, olhar nos olhos de alguém, receber um abraço, um afago e ser pacientemente ouvida nas minhas minuciosidades.  Sem julgamentos,sem brigas,sem questionamentos, ouvida simplesmente. Poder chorar sem precisar me esconder porque embora queira ser forte, há momentos que preciso desmoronar. 
As lágrimas são pesadas têm o gosto amargo de tudo que foi calado goela abaixo. As palavras não saem, tudo dói. O corpo, a alma.Tudo pesa.
Um cansaço... Meu Deus, um cansaço de nadar contra a corrente, de agir sempre corretamente, pensando no sofrimento do outro e no fim das contas sofrer,sem que o outro ao menos estenda a mão pra dizer: "estou aqui".
É como estar submerso numa água gelada, ter a sensação de dor tão forte que por vezes parece que o corpo está adormecido. O frio cortando, queimando, imobilizando. A dor aumentando, a vontade de gritar, se debater, mas não conseguir.
O que me mantém? A Esperança de ser tocada pelo Sol da Justiça e ter minhas guerras travadas por Ele.
Ainda que meu corpo não suporte sei que Deus me carrega nos braços. Amanhã é outro dia.
"Bem aventurados,os puros de coração..."

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O descanso da Paz.


                                                           (Imagem: desconhecido)

Algumas dores por serem constantes, por serem profundas, vão fazendo parte do que é nosso.É como um veneno que vai correndo pelas veias,se alastrando, ate que não reste uma só parte que não acometida.
A principio nos debatemos, pedimos socorro, lutamos.Com o tempo aprendemos a camuflar a dor em sorrisos vazios, olhares distantes.Gritos calados.E por fim, no ápice da dor, a sensação de torpor, anestesia. É nessa hora que a alma cansou de resistir e pede para adormecer porque recusa fenecer de dor.
Adormecer para dor, para enfim renascer para a Paz.
Renascer, sobreviver. Nascer de novo só pra viver salva pelo antídoto fiel da Esperança.