terça-feira, 2 de março de 2021

(In) Infeliz.


"Eu não estou feliz assim, aqui, desse jeito."  É isso que a minha alma me diz todos os dias. A angústia pesa e por vezes me leva ao chão. Ali,em postura fetal, entregando soluços e lágrimas a terra, busco maneiras de alcançar alívio, de me abraçar e me pertencer  outra vez. 
E dói tanto...  A vontade é me abandonar naquele instante, pedindo para não ser encontrada ou questionada mas a dor me lembra que se abandonar não é se curar. 

Então entrego à vida toda vulnerabilidade que me sufoca e tento por para fora os gritos de "eu não aguento mais" que sinto ecoar em cada parte minha. Não consigo, é como se minha garganta estivesse sendo sufocada por mãos muito mais fortes do que minha esperança.

Todas as vezes sinto como se não fosse capaz de suportar a próxima mas suporto, levanto e sigo. Para onde sigo ainda não sei. 

Se agora eu fechar os meus olhos, claramente me vejo numa espécie de cisão, onde cada pedaço por mais estranho, doloroso, errado ou puro que seja,  tem uma razão para continuar existindo. Cada pedaço luta para continuar existindo, cada possibilidade a mim apresentada parece trazer felicidade e pavor concomitantemente. 

Estar onde estou dói, mover- me e tentar sair dele dói, existir dói. Não o existir no sentido de ter uma vida, isso não. Dói no sentido de saber que tenho algo tão precioso e não tive coragem de tomar para mim, não tive coragem de gritar e espantar os meus demônios, não tive a coragem de ir ao encontro da minha paz, ao encontro da minha felicidade.

Dói ver minha covardia dizer amém a sonhos, exigências e planos que não são meus. Dói ser silêncio quando decido não ser voz por medo de não suportar outro choro que não seja o meu. Sabe como é a gente se acostuma com o eco da própria dor e não a deseja pra mais ninguém.

Ela continua me lembrando...

Eu não estou feliz assim, não aqui, não desse jeito.
Queria tanto...