segunda-feira, 29 de maio de 2017

Cuidar de mim

Vai cuidar da sua vida.
Foi assim, de um jeito frio e incisivo.
Uma frase que li e reli com lágrimas nos olhos. Eu não conseguia entender como que um amor outrora confessado aos quatro ventos,dias depois foi calado e virou isso: Indiferença.
Tentei gritar e fazer com que lembrasse daquelas juras e dos planos mas só ouvi meu próprio eco. Até a voz cessar. Até o fôlego faltar. Até o coração sufocar de tanto doer.
Demorei a entender que tudo que queria era se livrar de mim, e seguir sua vida sem culpa. Eu estar presente era um tapa na sua cara, uma evidência de que o erro não partiu de mim.
Não me queria por perto pra não ter que encarar o próprio sentimento.
Foi buscar se encontrar em outras bocas por ai. E nessa de querer se achar, tantas vezes, se quebrou inteiro por não receber em troca nada do que gostaria.
Eu, me despadacei. Sangrava por dentro todos os dias, e a cada dor que passava por ai eu sofria ainda mais por aqui.
Até que entendi que ficar prostada no meu lamento não ia trazer redenção.
Resolvi tirar a mágoa do peito e outra vez pensar na frase: vai cuidar da sua vida.
Cuidei mesmo, da alma, do coração, do corpo... Fui me cuidando e aos poucos me permitindo ser cuidada por alguém.  Era estranha a sensação de ser amada sem depender, de cuidado sem apego.. finalmente eu senti o vento da liberdade batendo no meu rosto.
Eu nunca mais quis outra vida que não fosse essa. Nunca mais quis ser alguém além de mim. Nunca mais quis ser de alguém sem antes ser toda minha.
Nunca mais aceitei Amor como migalha.
E olha só você,  agora me enxergando, pedindo pra ficar e cuidar de ti.
O mundo realmente dá voltas, não é?
Imagem: desconhecido
texto: Zack magiezi

sábado, 20 de maio de 2017

Descontentamento

Créditos na imagem.
A  vida tem contrariedades incômodas.
Eu, que lutei tanto por nós dois, hoje penso na liberdade de caminhar só. Pode parecer mais uns daqueles  casos onde é evidente a frase "não  ter é motivo para desejar." Não é assim, não comigo.
Eu dou o  melhor de mim desde sempre porque é assim que eu sei amar: por inteiro. Me entreguei,coração, corpo e confiança. 
Tomei tanta pancada, mas tanta pancada. Eu resisti a cada uma delas e a dor de ter que me cicatrizar sozinha.
Você sabe quantas vezes me destruiu por dentro ou pelo menos deveria... (eu me lembro de todas elas)
Me reergui. Aparentemente mais forte do que antes, mais bruta, mais agressiva, menos vulnerável, aparentemente.
O Amor que você me jura questiona as tantas vezes que me fez chorar;
A saudade que confessa me questiona o porquê das outras terem espaço na sua vida;
Promessas de um futuro compartilhado me questiona o egoísmo com que você alimenta e prioriza os seus objetivos de vida;
O toque em minha pele me questiona quantos outros corpos você acaricia;
O "Eu te Amo" cobrado questiona se algum dia o amor que eu dediquei teve algum valor para você.
Minha insistência em ficar me questioma se não seria melhor voar sozinha e livre das amarras que você  fez.
Minha vontade de viver e de amar me lembram que embora tenha oferecido meu melhor,  foi sua certeza de ter a mim sempre nas mãos que fez com que eu descobrisse que pertencer a quem eu sou hoje é muito melhor.
A tentativa de não deixar esse sentimento morrer de vez me confronta com o fato de que foi você que o matou a cada golpe.
Não é mais você e eu. No fim das contas é  você  ou eu.
Ou te abandono para me encontrar, ou me sufoco e pago o preço por você.
No seu mundo tudo continuará sendo indiferente.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Você, aqui não.

Arte: Desconhecido


No que diz respeito as relações humanas nos deparamos com inúmeros percalços. É, nosso egoísmo e falta de empatia podem gerar tantos frutos amargos... exemplos disso são o preconceito e a intolerância.
Conceber que apenas nosso modo de enxergar e interpretar a vida é o único aceito e correto, é dizer que o mundo se resume apenas a quem eu sou ou a quem você é. (ou quem pensamos que somos)
Já parou pra pensar a respeito dos seus preconceitos? De onde eles vieram e porquê eles existem?
O diferente causa o estranhamento, isso é natural. Mas estranhamento, preconceito e ódio são coisas bem diferentes embora haja uma correlação entre elas.
Ao redor do mundo pessoas estão morrendo devido a intolerância de grupos radicais. São minorias pagando o preço pela forma torta dos outros enxergarem seus semelhantes.
Não, não existe justificativa para ter como certa uma ação que humilha, magoa, fere e mata pessoas. 
Nada legitima  isso.
Sabe o que mais me dói? (segredo nosso). O que mais me dói é saber que muitos desse crimes são cometidos por pessoas que dizem amar a Deus. São pessoas que dizem estar a serviço da sociedade para protegê-la com sua vida se preciso for; São pessoas com poder e influência capaz de estender as mãos para agregar e escolhem segregar, escolhem exterminar.
Não adianta se vestir de justificativas socialmente "aceitáveis". Muitas vezes ser aceito pelo que a sociedade tem por certo é fechar os olhos para a dor dos outros. Muitas vezes é ignorar o outro só porque ele incomoda seus "princípios". Muitas vezes, é querer amordaçar o grito de dor do outro porque destoa do seu "culto a si mesmo".
Ninguém precisa entender porque o outro é como é, porque age como age, porque faz as escolhas que faz (das mais fúteis até as mais complexas). Ninguém é obrigado a engolir "guela abaixo" questões com as quais não concorda.
Se são conceitos que impedem a convivência entre diferentes eu digo:  Se você não gosta de homossexuais, você não é obrigado a namorar ou casar com um. Se você não gosta de negros,pardos ou índios, você não é obrigado a mudar o tom da sua pele; Se você não gosta de gordos, você não é obrigado a engordar; Se você não gosta de pobre, não precisa doar todos os seus bens (embora fosse bem mais útil que seu preconceito); Se você não gosta de travesti, transexual você não é obrigado a se "montar"; Se você não gosta de crente, macumbeiro, espírita ou seja lá o que for, você não é obrigado a se "converter", entende?
O que eu quero dizer nesse exemplo chulo é: Pessoas são mais do que aquilo que você vê, não é só um gay, um gordo, uma mulher, um negro, ou seja lá o que for, é um SER HUMANO, contudo, isso não te obriga a ser como elas são nem a querer relacionamento íntimo com elas (caso seja essa a sua vontade). Ninguém é obrigado a nada, mas todos tem o dever de exercer o RESPEITO. Respeito nada mais é do que dar ao outro o direito de ser como ele é,como ele quiser, independente do quão distante ele esteja daquilo que idealizamos para ele (até porque nossas idealizações não têm que ser atendidas por ninguém, não é mesmo?). 
E se é tão difícil para você dar esse espaço ao outro de se mostrar como ele é, talvez o problema esteja em você, no espaço que você mesmo tem medo de conquistar na sociedade e no julgamento que possa sofrer ao fazê-lo (Bom pensar nisso).
Minorias não são a escória do Mundo;  Minorias tem sido espelho da Humanidade, refletindo o quão ela está doente por querer que haja cisão entre perfeitos e imperfeitos, dignos de amor ou indignos, bonitos ou feios, merecedores de afeto ou não. Minorias gritam os sintomas que a sociedade doente (e muitas vezes hipócrita) tenta maquiar todos os dias através das "boas normas e costumes".
Eu sei, são pensamentos soltos que talvez você não esteja de acordo. Nem precisa estar.
O que me faz escrever agora, é a inquietação, a indignação de saber que a prepotência está criando monstros, monstros capazes de matar seus irmãos por não encontrarem neles a perfeição que nem eles mesmos são capazes de alcançar.
O que me faz escrever agora é o choro solitário de tanta gente pelas ruas que nesse momento teme ser abusada, humilhada, espancada ou assassinada pelo "simples fato" de não ser o "filho preferido que a sociedade pariu". 
O que me faz escrever agora é a vergonha, de que seja preciso leis para dizer que não se deve ferir alguém,matar alguém.
O que me faz escrever agora é o riso que maquia almas sofridas,amedrontadas; uma alma que sofre por não poder se mostrar como é por achar que (ser como é) é uma vergonha para a família,amigos ou para a igreja.
O que me faz escrever agora é a esperança de que algo gere em você,leitor, essa inquietação,esse descontentamento, essa vontade de desconstruir conceitos que você ainda não tinha se dado conta do quão nocivos são. (para você e para os outros)
O que me faz escrever é a certeza de que nada nos faz mais "limpos" do que outros e que nada nos faz tão menores do que apontarmos o dedo na cara do outro e dizer: "Você não serve para usufruir da dádiva de viver com dignidade como eu."
O que me faz escrever é o desejo de que meus monstros interiores não sejam a causa da morte de ninguém mas que nossos monstros se entendam e façam uma bela de uma festa.
Se a gente não souber por onde começar que a gente ao menos consiga compreender que não tem outro caminho que não seja começar munidos pelo Amor.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Vamos falar sobre Mães

Arte: Desconhecido.


Dias das mães chegando e a gente começa a ouvir frases do tipo "Mãe é um Anjo que Deus mandou para cuidar de nós.", "Mãe é um pedaço do céu." "Minha mãe, minha melhor amiga".
O segundo domingo do mês de Maio foi uma data comercialmente estabelecida para homenagens ao Dia das Mães. E acho válido, claro. Mãe merece sim, todo carinho e cuidado... Mas não são todas as pessoas que tem porquê ou a quem homenagear.
Nem todas as histórias são regadas de abraços e flores.

Martha,fruto de uma relação casual, foi abandonada numa lixeira próxima a comunidade onde sua genitora morava. Desde muito pequena teve que aprender a "se virar sozinha", a prover o próprio sustento. Claro, pessoas apareceram em sua vida para ajudar e lhe ofereceram afeto. Mas esse carinho de mãe que todo mundo fala, amor incondicional que dá a vida pelos filhos... Esse aí Martha nunca pôde sentir.

Ricardo, filho esperado,desejado, fruto do amor de um casal apaixonado... Sempre foi acolhido e cuidado com todo carinho que precisava. Sua mãe era o colo nos momentos de alegria e abrigo nos dias difíceis. Conselheira, protetora, amiga... E fazia um bolo de fubá, huuuuuum.
Ricardo jamais esquecerá. Sua mãe faleceu, no dia do seu 20º aniversário.

Julieta, filha mais nova, de um casamento conturbado. Seus pais pouco a veem em casa, sua Mãe representa o tipo de mulher que ela nunca quer ser: fútil, interesseira, distante. O contato que elas tem é exclusivamente no dias das compras, quando as duas saem para o shopping para escolher roupas novas (sempre muito caras,diga-se de passagem). Julieta tem tudo que quiser. Maquiagens,sapatos,roupas,viagens para o exterior. Julieta, é órfã de mãe viva, presente de corpo,mas sempre ausente de amor.

Karen, mulher madura, sempre sonhou em ter um filho. Porém, a medicina já decretou a morte desse sonho. Ela é estéril. Karen descobriu de era infértil geneticamente, mas era fértil de amor. Karen adotou 3 crianças e 'ai de quem' disser que não são seus.

Essas são só quatro breves histórias de muitas que permeiam o dia a dia de pessoas como eu e você.
Não sei se sua referência de mãe é algo que acalenta seu coração ou que traz angústia, se quem te deu a vida te cuida ou te "mata por dentro" todos os dias. Não sei se você tem um "Eu te Amo" ou um "Nunca quis ter você."
Eu sei, a vida real não é tão bonita quanto conto de fadas. Nem sempre os laços sanguíneos se encaixaram na função que a vida delegou.
Se você tem a sorte de dizer "Eu tenho a melhor mãe do mundo." considere-se um sortudo. Cuide bem desse tesouro.
Vai lá, dá um abraço nela. Hoje também pode, na verdade, hoje também deve.
Você nem imagina o que sua mãe teve que fazer, a que teve que renunciar tantas vezes, para te ver bem e feliz hoje.
Domingo é só um dia. O melhor presente é poder ter o sorriso dela todas as manhãs e o abraço dela no fim de cada dia. Seja para ela também o melhor filho do mundo.
Agora, se você e sua mãe tem uma relação conflituosa e não "funcionam muito bem" convivendo.. que tal pensar nela com carinho e desejar coisas boas. Pedir a Deus (caso creia Nele) que cuide dela e abençoe. Amor que cuida de longe também é amor.
E se sua mãe já partiu, saiba que a saudade e o carinho sempre a manterá viva em seu coração.
Amor eterniza pessoas, saudade também.


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Amor: singular ou plural?

Foto: Aditheto S.


Quantas vezes podemos Amar?
Aos 13/14 anos achava que amor era ouvir músicas românticas e um dia poder dar um abraço no vocalista de um grupo adolescente (sim é patético rsrs)
Aos 16 achava que amor era poder ter atenção do rapaz mais popular do colégio por quem eu tinha uma quedinha (eu e o resto das meninas da escola).
Aos 17 achava que amor era poder ser correspondida pelo meu melhor amigo, por quem de fato era apaixonada.- Primeira paixão na vida da gente é coisa que deveria ser proibida, é uma coisa "embestializante" - Enfim...
Depois de muitas noites chorosas e um coraçãozinho em cacos, achei que amor era aprender a viver sem a pessoa que eu gostaria que estivesse comigo e desejar a ela o melhor. Ser feliz ao saber que ela era feliz, ainda que fosse bem distante dos meus olhos.
Foi então que achei que amor era ficar sozinha. Até tinha uma frase que usava muito nessa época : "Existe o Amor da nossa vida, e existem amores que passam por nossa vida." Usava essa frase toda vez que queria justificar minha solidão, como se o Amor da minha vida tivesse ido embora e não tivesse expectativa alguma de que um outro amor passasse por ela.
Foi um tempo doloroso, por mais idiota que hoje possa me parecer; foi um daqueles períodos de auto conhecimento. Nessa época eu tive meu primeiro contato com a terapia. Cresci em poucos meses o que não tinha sido capaz de crescer em anos.
Aos 22 anos, achava que amor era finalmente ver um sonho se realizando, me apaixonar por alguém que me queria também. Ganhar carinho, bombom e passear na rua de mãos dadas... Até o sonho de meses acabar e me levar novamente pra aquela "antiga caverna" onde eu achava que o melhor era ficar sozinha, e ainda com a ferida de ter sido abandonada mesmo tendo oferecido o meu melhor. Foi a pior dor que vivenciei até então. Achei que amor era um monte de falsas promessas. Novamente me fechei.
Aos 24 anos, fui aprendendo que amar era se deixar conquistar por alguém que aos poucos poderia ganhar meu coração e minha confiança; Fui aprendendo que poderia me permitir ser cuidada,respeitada e ouvida como nunca tinha sido antes. Fui aprendendo que era forte e que minhas feridas poderiam ser curadas com o tempo... Fui aprendendo a me reerguer e seguir a vida com um sorriso no rosto.Fui aprendendo que o Amor poderia ser mais bonito do que tudo que eu tinha sonhado um dia... Até que um belo dia, tudo acabou,sem mais nem porquê e novamente o gosto amargo de ser enganada me veio a boca.
Nocaute outra vez... e esse, confesso que me gerou algumas "fraturas expostas na alma" das quais ainda carrego cicatrizes.
Aos 26 fui aprendendo que amor poderia ser reaprender a gostar e perdoar, que poderia ser dar uma chance a mim mesma de me refazer.Fui aprendendo que amor mesmo não costuma morrer com facilidade, ainda que ele "entre em coma profundo"; Que confiança depois de perdida dificilmente volta a ser a mesma mas que isso não precisaria significar condenação ao fracasso do relacionamento pelo resto da vida.
Aprendi que o amor por mim mesma deveria vir antes do que o por qualquer outra pessoa e que carinho e atenção demais nunca era bom. Aprendi a dizer não quando queria dizer e a dizer sim também, que se ama com os sentidos e afetos mas também com a razão. Que companheirismo não tem preço e que amadurecer ao lado de alguém é maravilhoso.
Tomei alguns tombos ainda, dolorosos. Mas aprendi a levantar e questionar qual o meu papel diante da dor que me causavam e ponderar se devo (ou quero) a convivência.
Aos 29 continuo me refazendo, a cada dia, e aprendendo a infindável arte de me relacionar com alguém,sobretudo comigo mesmo.
Não importa se é o Amor que ficará por um longo tempo da vida ou se será o Amor que passará... Basta que seja Amor.
E por fim, me respondi...
Quantas vezes podemos Amar?
Quantas vezes nos permitirmos fazê-lo.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

F(r)ases de mim

Ilustração: Desconhecido.

A vida já me fez ser muitas coisas.

Fui medo quando não sabia onde abrigar meu corpo do frio ou da chuva;
Fui angústia quando não sabia se teria o alimento para o dia seguinte;
Fui raiva quando o pouco que eu tinha foi tirado de minhas mãos;
Fui tristeza quando sozinha tive que enfrentar meus monstros;
Fui impotência quando vi quem eu amava sofrer sem poder amenizar sua dor;
Fui saudade quando vi amores partindo sem me deixar um adeus;
Fui alegria quando ,embora as dificuldades viessem, tinha a família como alicerce;
Fui esperança quando arrisquei tentar mais uma vez;
Fui resiliência quando a única coisa que poderia fazer era esperar o vento forte passar;
Fui rancor quando a cicatriz me fez lembrar quem causou a dor da ferida;
Fui renascimento quando tudo dentro de mim precisou morrer;
Fui orgulho quando com minhas próprias forças consegui conquistar um objetivo;
Fui rendição quando aprendi a confiar no cuidado de Deus.

Agora, sou um pouco de todas elas, e serei muitas outras, mas nesse dia, posso dizer que embora algum sonho ou outro ainda esteja por realizar, o que me faz sorrir é dizer:
HOJE EU SOU GRATIDÃO.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

(+18) O dia que perdi o amor da minha vida


Fotografia: desconhecido



Caro(a) leitor(a), deixe eu me apresentar. Sou Breno, 32 anos,designer em uma empresa de publicidade. Sempre priorizei por uma vida bem vivida - se é que me entende. Gosto de vivenciar o melhor de cada situação, provar novos sabores,viajar, descobrir novas paisagens, outros climas. Gosto de testar meus limites, sentir que sempre posso ir além do que eu acreditava.
Em uma dessas viagens solitárias por esse mundão, encontrei alguém que de fato me despertou o desejo de vivenciar o melhor daquela situação. Helena era uma mulher linda, não porque tinha corpo escultural; Ela tinha um mistério que me convidava,que me prendia. Um sorriso leve, e olhar felino.  Já estive com muitas mulheres, muito mais gostosas que ela; (confesso que isso me intrigou, num primeiro momento, o que me fazia desejar conhecer aquela criatura? ela nem era tão gostosa assim.)

Nossas conversas eram longas. Não imaginei que fosse capaz de parar para escutar uma mulher falar. 
A princípio foi só isso. Permanecemos assim por dois dias, em um almoço ou café, uma boa companhia para conversar. 

Nossas viagens tomaram rumos diferentes, eu iria para a Alemanha e ela para o Chile.
Nos despedimos e fim.
Vivi coisas intensas na Alemanha, foi maravilhoso. Mas quando voltava para o hotel senti falta daquela conversa, pensei em ligar pra ela, saber como estavam as coisas no Chile. Logo desisti, arrumei as malas para voltar para casa.
Desembarquei no Brasil com o tipico e confuso cansaço que só uma mudança de fuso horário é capaz de explicar. Cansado,mas com histórias  pra contar bem maiores do que o número de malas que eu carregava.
Dois meses se passaram, saí algumas vezes com uns amigos, fiquei com algumas pessoas mas nada especial. Até que meu celular tocou.

- "Oi, é a Helena".
- (Helena... ah, a moça misteriosa) "Oi Helena, como vai?"

Ela estava de volta ao Brasil, queria contar sobre a viagem e saber como foi a minha. Marcamos um almoço.
Foi uma conversa boa, como sempre. Me fazendo vencer meus preconceitos e estigmas. Eu, o cara que sempre saia com mulheres com uma finalidade simples: leva-la para cama; estava ali parado, hipnotizado por aquele par de olhos e uma voz macia.
Você deve estar se perguntando: "não vai rolar nada ?". Vai sim. 
Rolou durante dois anos. Fomos um casal F*da (se me permite dizer). Parceiros, amantes, companheiros... Eu achei aquela mulher que muitos caras, inclusive eu, acreditava não existir. 
Ela se pertencia, era dona dos seus desejos mas sabia me acolher,me entender, me cuidar, me dominar (no melhor sentido da palavra...rsrs). E o sexo? já falei que ela sabia me dominar, entenda isso como uma dica.
Nem tudo foi perfeito, tivemos nossos desentendimentos mas nada grave. Até que...estraguei tudo.
Meu desejo por conhecer coisas novas, essa inquietação, essa imaturidade que sempre me motivou a querer provar pra mim mesmo que eu era "o cara", me fez perder tudo que a gente construiu junto.
Enquanto eu estava com a Helena,esporadicamente ficava com outras mulheres. Lena e eu não morávamos juntos, o que facilitava muito pra mim.Não significava nada ter outras mulheres num fim de semana ou outro, trocar umas mensagens, ou uns nudes pela madrugada. Não significava nada, mas eu não abria mão.
Sempre me perguntei se Helena sabia desses casos ou não. O mistério dela nem sempre era encantador.
Uma noite de quinta feira, chovia muito, desmarcamos um encontro nosso e remarcamos para o dia seguinte. Mandei uma mensagem para Rosana, uma das "amigas" com quem eu conversava sempre por rede social. Foi o de sempre, nos "pegamos" e cada um foi pra sua casa.
Cheguei em casa, mandei uma mensagem para Helena: "Trabalho hoje me prendeu até tarde.Boa noite amor, saudades.". Ela respondeu "Descanse.Saudades também, até amanhã. bjs". Fui dormir ainda com o perfume da Rosana na minha pele.
No dia seguinte, mal levantei da cama, percebi uma notificação no meu celular. Era a Helena. Para combinar o encontro de hoje (eu pensei), mas não era. Era uma foto minha com a Rosana.
- "Cara**", ela descobriu.
Esperei toda pedrada,xingamento, fúria e choro dignos de uma mulher traída. 


Nada. Nem uma frase, nem uma ligação. Nada. Liguei para ela, com uma bela desculpa esfarrapada em mente. Helena não atendeu.
Acreditei que fosse uma reação momentânea e logo ela mudaria de ideia.
Dias depois, liguei, fui até a casa dela. Ela não me atendeu. 
Tudo que eu recebia em resposta aos meus gritos,era silêncio.
Todos os dias adormecia olhando para o celular e acordava olhando para ele. Ela nunca mais apareceu.
Nem mesmo para se despedir.
Três anos depois eu ainda penso o que teria sido dessa história se eu tivesse sido menos egoísta e além de ouvi-la em nossas conversas eu tivesse ouvido o que cada gesto dela me dizia. Se eu tivesse compreendido que ela fez renúncias para estar comigo,eu esse cara infantil, idiota e inseguro.
Helena saiu da minha vida da mesma forma que chegou, misteriosa.
Helena levou uma parte minha que não sei se um dia serei capaz de reencontrar.
Eu nunca mais soube dela.


Sigo a vida, vazio e sedento.. de boca em boca, de cama em cama.
Mulheres nunca me faltam, me falta ela... e isso, é o maior arrependimento que carrego.