quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Arrepio

Você tem dez minutos pra me pegar aqui no seu portão, ou eu entro porta afora, subo pela janela ou se preferir começo a gritar seu nome daqui da rua. Já vim na intenção de acordar seus vizinhos mesmo.  
Vem cá, me deixa chegar perto. Chega de sussuros no breu, de gozo sufocado em "se". Quero o nosso agora e vim busca-lo. Vem, transforma nossas letras em verbo e troca o "quero" pelo "faço".
Foram muitas noites regadas à suor antes dessa coragem me tomar e eu estar aqui na sua frente. 
Para de me olhar desse jeito, como quem não sabe se foge, se corre pra mim ou me manda embora. Caramba! Finalmente estou aqui. Ou você me leva pra o teu quarto agora, ou vem aqui, cola em mim e fala que não sente nada, que meu corpo não chama o seu e tudo que sentimos distantes um do outro era brincadeira, mentira.  Mas fala me olhando de frente, me encara. 
Isso, me dá sua mão aqui. Sente, meu coração desorientado esperando seu abraço acabar com essa agonia.Sei que sou louca, que tem muita coisa em risco , mas não é isso que faz a vida valer a pena? 
Esse arrepio que percorre nossa pele...nossa energia confirmando o que já sabíamos a meses. Nós tínhamos que acontecer. Pra quê deixar pra depois?
A temperatura da sua pele me parece familiar, seu abraço "pedaçinho de paz" desfaz minha pressa e aumenta minha urgência de você (É, sou um poço de contradições e todas elas te querem). O cheiro da sua nuca pede mordida e eu dou. Sua boca não resiste e captura a minha. O beijo é uma dança que nossos lábios parecem ter ensaiado outrora. É como ler uma história inédita com olhos de dejavu.
Abruptamente, você interrompe o enlaçar de línguas. Respira profundamente, sorri e me olha com estranha calmaria​, tocando os meus lábios. Beijo sua mão. Nos calamos. Silêncio palpável, denso, lindo. As mãos se unem, sorrimos juntos. Nascemos nesse instante. 
Então você me conduz para sua casa. Meus olhos curiosos percorrem os cômodos querendo capturar cada história sua escondida nos móveis, quadros, cortinas e porta-retratos. E como se cada passo tivesse o dom de me submergir em você.
Diante do quarto as pernas tremem. Fecho os olhos e todos os áudios que trocamos em nossas conversas passam em uníssono em minha mente. Seu cheiro me toma mais uma vez. Você abre a porta, me beija sedento, percorre meu pescoço com os lábios, olha para mim e rasga o meu vestido.  Os seios eriçados amostra convidam sua boca mas a sua urgência é outra...
Mãos firmes encaixadas no meu quadril me virando de costas. Calcinha de renda branquinha, contrastando a minha pele, que a essa altura já escorre suor e mel. Os dedos arrancam a lingerie com tamanha facilidade, tal qual criança amassa papel de bala. Um tapa. Uma mordida na nuca. Você sussurra em meu ouvido. Roça em mim. Rebolo. Gemo. Você não resiste e mete...

(23:40) - "Moreno, tá aí ainda? Me deixou falando sozinha de novo. 😜"
(00:30) "Deixei falando sozinha nada. Foi mal, é que acabei dormindo aqui. Até sonhei contigo 😏"
(00:32) "Hum... Sério? Sonho bom?"
(00:33)  (Foto) "olha,tô assim desde que acordei. Cê acha que foi bom?"
(00:33) " Acho que você tem que vir aqui agora abrir esse portão pra mim, antes que eu arrombe ele" 
(00:34) "Hahahahahaha."
(00:35) "É sério. Se quiser que eu grite seu nome daqui da rua pra você acreditar, por mim tudo bem"
(00:36) "Eita carai! Quero que você grite mas aqui no meu quarto. Tô indo"

(Arrepio)

Eu te avisei que era louca. 
Tá me olhando assim por quê? Não vai me convidar pra entrar?