quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Aquilo Que (Não)Somos (Nós)


Era pra ser só um "Oi", era pra ter parado no "tudo bem", mas as palavras foram descarrilhando e quando percebi elas me desnudavam pra você. Logo eu que tenho tantas reservas, logo eu que prefiro me proteger à entregar minhas vulnerabilidades de bandeja. Entreguei.

Me entreguei  para o enlace que  cada frase sua me criou, me entreguei para a ideia instigante construída a respeito de você, para as inúmeras possibilidades do que pode não ser você. Me entreguei quando vi seus olhos pedindo colo e tua carência cuidado. Aí eu me desfiz. Quando sua voz me pediu pra ficar e acomodar seus medos naquilo que acreditava ser coragem em mim...

Era pra ser só brincadeira inocente, cumplicidade despretensiosa, sol para quando chovesse. Era pra uns minutos de conversa bastar, meia dúzia  de sorrisos aliviar, mas eles  só faziam aumentar o  rebuliço no meu  peito. Acontece que nossas vozes foram estreitando  vontades, derrubando orgulhos e ecoando o temido "sinto sua falta". Desde então, a falta puxou a cadeira e se instaurou toda vez que você sai.

Era pra ser só uma brisa, quente e suave para me guiar de volta pra mim, mas foi furacão me devastando pra me reconstruir em você. Cada pedacinho desejando ser o reflexo fiel dos seus sonhos, a medida exata dos seus desejos, ser quantas outras eu puder só para que não haja espaço para querer ninguém além de mim. 

Era pra não ser nada, pra não sentir nada...até que a ideia do seu cheiro na minha pele despertou a gana de ser sua dona. De caber nos seus sonhos, nos seus braços e no seu corpo.

Era pra eu não querer nada, mas é o oposto que me atormenta o pensamento. É você que atormenta minhas certezas. E o agora, eu não sei o que é. Sou apenas palavras arrancadas pelas mãos da vontade, vagando ao som de um sussurro que diz: "Era pra ser amor, o meu amor".