segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Arte: Yossi kotler
E novamente estou aqui sem saber como falar ou pra ser mais sincera, com vergonha de me deparar com esse engasgo. É difícil estar nesse lugar. Cada frase que eu vejo se formar me faz querer desistir. Eu não quero parecer tão ridícula, mas ora, o que mais eu seria agora do que isso, ridícula? Vomitando meu pesar.
Desejar o que não posso ter. Não é a primeira vez que encaro essa situação (pra ser sincera, não tenho encarado tão bem como deveria). Me sinto em um cabo de guerra, sendo eu, a corda. O correto me mandando esquecer por A + B, e o Novo me dizendo para largar o que me dói e ser livre pra sentir seja lá o que for. 
Conheço meus impulsos, minhas intensidades, minha determinação. E olha, eu morro de medo deles. Me arrebento inteira só pra bancar um desejo. E banco. Só que dessa vez... Não se trata só de mim. Meu desejo é grande mas é infundado, meu desejo é arrebatador mas é vão, meu desejo é real mas diante de uma situação completamente hipotética. Hipótese que por si só já me faz sentir a pior das criaturas.
Não há dia que eu não busque uma maneira de cessar o que me inquieta, de borrar do pensamento a imagem daquele sorriso, de sufocar o ímpeto por aproximação. Obviamente, não sou a única. São muitas, e diante delas eu me sinto um espantalho desengonçado. Me encantei pelo irreal.
Quero que ele sinta quem eu sou e queira estar perto, que se encante... e me aterrizo diante da ideia de que isso possa aconteça. Dou um passo em direção a ele e dez me encaminhando pra fuga. 
Imagino a voz, o calor, o toque, o beijo... Quero saber como é ter o cheiro dele grudado na minha pele e me lembro que ela já é território demarcado. E de novo, me sinto doer. Cheia do que não me preenche, vazia do que não posso buscar para me preencher. 
Tenho um nó na garganta; Contudo, fui incapaz de derramar uma lágrima até hoje. Sou seca, levando da vida o tapa na cara merecido. Esperando que isso me faça acordar e reconhecer que não existe outra opção do que vestir o meu sorriso encobri(dor) e seguir. 
Sempre tive motivos pra ir embora mas nunca me senti forte o suficiente para fazer isso. E a verdade é que se hoje ele estendesse a mão pra mim e quisesse me tirar daqui eu poderia acabar aceitando. Céus! Eu poderia largar tudo. Não sei se conseguiria lidar com o que isso causaria ao meu redor, nem a mim.
Por mais que eu já tenha sofrido amargamente com a falta de lealdade, eu não me vejo sendo essa pessoa desleal. Eu sei o quanto dói acordar e ler uma mensagem de outra pessoa no celular dele dizendo : "oi amor, bom dia"; Sei o quanto dói ser enganada por mensagens trocadas quando ele vai ao banheiro ou então, quando não estou perto. Eu sei o quanto dói ser ridicularizada.
Sei o quanto dói ouvir um "eu te amo" e não conseguir acreditar nele. Eu sei o que é ver a sua confiança morrer um pouco a cada dia, um pouco a cada notificação no celular ou a cada atraso ao chegar do trabalho. Eu sei o que é ver o Amor morrer por falta de respeito.
Quem sabe por tanto saber que eu busque imaginar algo que me abrigue, que me acalente e me faça sentir viva de novo. Quem sabe a ideia do encantamento vale mais do que a dor de viver um sentimento que entendo não merecer. Quem sabe esse não é o meu castigo por ter lutado tanto uma batalha que não era só minha? Quem sabe amanhã tudo passe? Quem sabe...
Sei de todas minhas dores mas Deus me livre, ser eu a ferir quem me feriu, a mentir, enganar, a usar pessoas. É por isso que em minha dor e mar de incertezas, eu desejo tanto e, contrário a tudo isso, penso: "Deus me livre que ouçam meu querer e me queiram tanto assim também."

É, renúncias doem, e quanto mais calada a renúncia, maior o sofrimento, maior a cicatriz. Enquanto posso, vou escondendo as minhas.

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