domingo, 24 de junho de 2018

Sobre O Que Eu Ainda Não Sei




As pessoas costumam relatar o encontro de almas como algo repentino decorrente de um evento, um encontro inesperado, um esbarrão no meio da rua ou em uma festa, um convite em rede social. Nós somos atípicos. Quanto tempo nos conhecemos? 10, 15 anos? 10 anos só sabendo que o outro existe. Dias, meses, anos, somente com uma sensação estranha de simpatia e raramente, por educação , cumprimentos.

Até que repentinamente, ser cordial não bastava, eu queria mais e você não parecia discordar. Uma inquietação que surgiu não sei quando, nem de onde. Um conforto há tempos não sentido, acolhimento, se é que posso chamar assim. Você, seu sorriso e todos meus planos de vida ruindo. 

Desde então, carrego essa insatisfação, identificando coisas que antes não era capaz. É assustador, mais ainda, a liberdade que sinto para a  proximidade, a afinidade, como se tivéssemos trocado confidências, construído intimidade e compartilhado vivências... Assustador, olhar para sua boca e sentir que já senti o gosto dela, precisar do seu abraço e saber que o abrigo que preciso está nele sem nunca ter morado nele. É assustador, me sentir tão em paz só de saber que você pode estar perto. Meu "melhor amigo", um desconhecido.

Me pergunto quando o "oi" se transformou em tudo isso. Quando que ter você no meu dia a dia se tornou tão importante pra mim, quando que me fiz tão sua assim? Onde foi que eu me perdi? E qual motivo me faz acreditar que posso me encontrar em você? O que fez... Que loucura é essa insistindo em não pedir alicerces ou certezas? Por que você? Poderia ser qualquer outro, não poderia? 

Desnorteada, sou o conflito entre instinto e razão. Certa de que você também se sente próximo a mim, concomitantemente, convicta de que me deseja ainda mais distante do que estou. Me mostro, me achego, sentindo o ridículo me manipular. Falo sem pensar, falo mais do que deveria, omitindo o que gostaria, mas , falo sobretudo, munida da esperança de que minhas palavras alcançam ou despertam esse sentimento que nos faz familiar um para o outro. Esperança que rapidamente se esvai, quando seu silêncio me açoita com golpes de realidade. Também me calo.

Me calo e te observo de longe, estudo seus gestos, me vendo em alguns deles, te compreendo. Cuido de cada pensamento que te dedico, converso com sua foto, canto e brigo com você. Te chamo quando some, e não houve um só dia que não me ouvisse (ainda insisto na coincidência dos fatos, para não confrontar meus medos). Sumo ansiando te ouvir chamar.

Quero você perto e nem sei o motivo. Quero te mostrar meu mundo e o quanto é bom estar nele, pressentindo que já esteve nele desde sempre. Imagino a gente se beijando no banho ou , na sala de estar, fazendo cafuné, como se fossem lembranças e não um desejo. Meu corpo lembra de você e o encontro que tanto quero, talvez, seja a forma que eu tenha de confirmar que o que eu sinto é saudade e não vontade. Não, eu não acredito em vidas passadas, mas sabe, é tão forte a certeza de que nossas vidas marcaram um reencontro para todas as vidas que viriam...

Talvez, eu esteja enlouquecendo, ou apenas despertando para o que eu ainda não sei que sempre existiu para ser Amor. E o que eu te peço é que nesse, ou em qualquer outro instante que nos for permito, você me receba com seu melhor sorriso.  Assim, eu vou saber que sempre foi você, que sempre será nós dois.

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