domingo, 3 de junho de 2018

Contradição

Imagem: via Pinterest


Você não sabe, mas passo a maior parte do meu dia esperando pelo anoitecer porque só quando adormeço é que alcanço paz. Só nos meus sonhos eu sou capaz de lidar com todo esse alvoroço que abrigo. Só assim, oniricamente, sei o que fazer (e posso). 

Você não sabe mas sou uma contradição. Fugindo e te chamando desde o nascer do sol até a penumbra e sinto raiva. Raiva de tudo, principalmente, de mim. Por perder tanto tempo lutando, por perder tanto tempo te querendo, por me render e te dar espaço na minha mente para que você fizesse toda essa arruaça, por me dizer tão racional e ser nocauteada por um sorriso. (Pqp, um sorriso!)

Raiva de mim por sentir sua falta quando você some, por não conseguir olhar para sua boca e não conter cada pensamento impuro que nasce e me faz queimar por dentro, olhar pra cama e não conjecturar todas as formas que poderíamos preenchê-la. Raiva de te desejar assim, tanto, sendo você tão pouco. Tudo bem, tem ressentimento aqui acrescido a todo sentimento que já descrevi e como tantas outras coisas, não dependem de quem é mas da imagem fluida que concebo a seu respeito.

A culpa não é sua. Nunca foi, O que eu não sei é o que vou fazer. Sabendo que embora eu queira me livrar, você ainda é o que eu mais quero ter. Acredito que esteja bem claro, perdi toda sensatez construída ao longo dos anos. Errado e Certo deram as mãos e estão me sufocando.

Às vezes, tenho a plena convicção de estar a um passo da loucura, resisto. Canto, choro, oro, escrevo... Em silêncio, peço socorro, temendo que você escute e resolva "ajudar". Desejando que me escute e venha me ajudar. Que ouça meus pensamentos e invada meu banho, sem dizer nada até saciar cada desejo meu. Que depois me abrace apertado e diga que entende quando grito "não" te querendo perto. 

Você também não sabe, mas meu maior medo é que decifre os dilemas que vivo e queira, me queira também, que se encante por essa bagunça que eu sou e se sinta instigado a ficar. Você não sabe mas meu maior medo é que você nunca me queira.

O coração acelera a cada frase concluída, a cada pensamento exposto, a cada chance de ser descoberta nas entrelinhas. Apago, recomeço, descarto. Contudo, escrevo... Escrevo como se soubesse. Aterrorizada com cada possibilidade de que saiba. Ansiando pelo dia que saber não faça mais diferença, que nossos dias sejam de paz e que você me faça sentir que nada mais importa. 

Nada mais, além do que você e eu sabemos.




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