domingo, 20 de maio de 2018

Abraço da Covardia

Ph: Via Pinterest


Ouvindo uma canção sobre Saudade começo a pensar em você. Logo eu que me vejo tão livre assim, sozinha, sentindo saudade de uma presença que nunca tive. Na verdade, tive sim, tenho... E esse é o problema. Você está sempre aqui, revirando qualquer ideia racional que eu tente construir a respeito de nós dois.

Eu sei como seu beijo prende sem nunca ter provado, sei da firmeza das suas mãos sem ter sentido seu toque na minha pele, eu sei da força do seu gemido sem ao menos ter acordado seu desejo. Eu sei que nosso corpo não desejaria outra coisa além de se devorar ; Que minha fome é do tamanho do seu desejo.

Sei que nossa intenção queima e fenece e ressurge e ateia e inquieta...
Sei que você mora nas canções pra eu poder te encontrar sem ter que me explicar pra mais ninguém. Que você vem em melodia suave ou num "batidão" e me leva pra dançar com você. Dançamos nas entrelinhas do querer.

Até casa a gente já tem, sabia? Moramos no silêncio quando em um livro, a história fala de amor, ou de angústia, de ausência, de medo, de encontro... Moramos nas linguagens figuradas que remetem ao sexo e nos contos sacanas, escorremos de-li-ci -o-sa-men-te. (Cinquenta Tons é conto de fadas comparado a nossa cor.)

Me vejo livre assim, sozinha. Você me faz ver nessa liberdade algo que me impulsiona para nós.
Essa coisa gostosa que é "ser nós" ainda que sejamos só e apenas o que somos hoje (quase nada). 

Te vejo também livre assim, sozinho. Brincando de ser carente, pedindo colo e instigando beijos, carícias e sorrisos indecentes. E nada disso me faz esmorecer, sua liberdade não me amedronta ou me deixa enciumada. Te quero tão feliz, menino. 

Não sei se é possível dizer que relacionamentos perfeitos são feitos disso ou daquilo. Mas é possível sentir que não são feitos de algo tão diferente do que somos nós dois nas canções, nos sentidos, nos livros, paisagens, passagens...

Falando assim tudo parece tão simples, tão leve, perfeito. Só eu sei o quanto não é. Talvez você daí também saiba. Por vezes, te vejo recuar a cada tentativa de proximidade. Me vejo também nesses seus passos em falso. É, eu não tenho coragem, ainda não. 

Sei  o quanto o sentimento me preenche, o quanto a cor dos seus olhos adoçam e dão sentido ao brilho dos meus. Sei também que você só sai de mim quando não suporto me calar e te vejo ali no peso de cada lágrima.

E olha que coincidência: "Medo Bobo" começa a tocar. " Ah, esse tom de voz eu reconheço..." Passo de faixa, pra não ter que chorar de novo abraçada à minha covardia.

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