sábado, 11 de setembro de 2021

Esboço De Um Adeus



Eu não sei me despedir de você. Queria saber do jeito que você sabe, queria muito e isso dói. Dor por dor eu escolhi a que me é possível suportar: vou me deixar com você. A moça do sorriso largo, esperançosa, audaciosa, entregue, intensa, passional, feliz... Acho justo, já que essa minha versão só descobriu lugar depois que sua curiosidade a chamou pra vida. Foi quase um parto aquele dia, algo que vinha sendo gerado em oculto, finalmente enxergou luz, sentiu o fôlego da existência pela primeira vez. A gente não costuma lembrar do nascimento do corpo biológico mas é impossível esquecer o nascimento de um querer por alguém. E eu nunca vou esquecer o nosso. (o meu)

Meu corpo oscilou em dualidade, experimentou céu e inferno, calor e frio, medo e ousadia... Me senti invencível em minha fragilidade. Nossos sussurros rompendo a madrugada pela primeira vez foi o grito pra minha existência. O primeiro calafrio, como se minha pele sentisse saudades da sua digital, foi o sinal de que nada mais seria como antes. Não foi, nunca mais será. 

Por favor, cuida bem de mim tá? Foi meu pedaço mais bonito que ficou aí. É difícil deixá-lo contigo sabendo o que isso significa pra mim e o que o não significa pra você. Mas deixo, ainda que você decida jogar num canto qualquer, numa gaveta empoeirada, na esperança de que vez em quando lembre que estou lá, só lembre. Dizendo nada, distante, só lembrando.

Eu tinha tantas coisas pra te dizer... contudo, a sensação que tenho é que os olhos que hoje me veem não são os mesmos que me enxergaram um dia. Qualquer esboço de palavra que eu ouse dizer me esmaga o peito, não consigo, nem a lágrima consegue romper a barreira de mágoa que se fez em mim. Minha dor solidificou, virou pedra, vou carregando enquanto conseguir. Até o dia que ela ficará em algum cantinho bem longe do agora. Agora que hoje teço em silêncio, resiliente, com um fio frágil de esperança que temo ver romper a qualquer instante, assim como nosso nós.

Queria saber me despedir mas eu não consigo. Vou matando e ressuscitando nossas versões nos versos que abraçam meu vazio, recriando a parte de você que me ascendeu para não deixar que a luz dos meus olhos se apague. Me fazendo forte pra não deixar minha fraqueza se render ao breu do que não fomos. Ensaio o adeus que não teve coragem de me entregar, pra quem sabe encaixar nos porquês o que me escapou pelos dedos. Eu queria saber me despedir de você. Não consigo. Finjo que sei. 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Meu Lugar

imagem: via Pinterest

Estou aqui olhando para sua foto, pra essa beleza que se faz em suas entrelinhas, sendo pouco óbvia porém convidativa (você é tão lindo, sabia?) e pensando: "E se os caminhos tivessem se cruzado na hora certa? Quem sabe naquele dia, naquele abraço..." Como se fosse possível dizer que existe hora errada para esse tipo de coisa. O que eu quero dizer é que entendo que o que não aconteceu e o que quase aconteceu, foi exatamente como deveria ter sido, pelo menos suponho entender. A questão é esse quase, é ele que me aperta o peito. É ele que me arranca as lágrimas a força. O que quase fomos, o que quase somos, o que quase viemos a ser.

Nada parece justificar o que não foi. Parece que tudo que me falta foi moldado ao longo desse tempo justamente pra te receber. Parece que cada não que eu ouvi, cada frustração, me transformou nessa mulher que conseguiu te tocar de alguma forma. E olha, eu tenho um orgulho do cara.lho disso sabia? É gostoso saber que um dia a gente se sintonizou de uma forma tão intensa a ponto de sentir o pensamento ecoar um no outro. Sentir você perto e junto em intenção, me trouxe desde então uma sede por liberdade da qual não consegui me desprender. Me descobri sua podendo ser mais minha do que nunca fui. Nunca mais quis ser minha sem você. E o que fazer com isso? Não sei. 

Aqui, te olhando de longe, meus olhos brincam de sonhar com um cenário só nosso. Te olhando de longe meu coração brinca de ser livre sendo só seu. Como eu faço pra ser só, pra ser só contigo, pra não ser só eu e esse "se"? Meu mundo é confuso e você sabe bem. Me escondo quando não sei o que fazer com tanto, me calo quando quero gritar e seu silêncio me sufoca. Te arranco as palavras para fazê-las âncora e não naufragar em mim. Eu tento te arrancar de mim nas horas de alvoroço. Dói. É como se estivéssemos entrelaçados de uma forma impossível de desentrelaçar. Se tirar o que é você leva um pedaço meu e se destruir quem sou eu aqui, agora, o que é teu se vai também.

Daqui onde estou é difícil te explicar o quanto preciso que me entenda e o quanto me parece injusto te pedir isso. Daqui de onde estou é difícil não desejar que seja feliz com alguém que te bagunce como você me bagunça, mas dá um medo... E se você esquecer de mim, da gente? E se eu não conseguir esquecer da gente? Não tem eu sem a gente. Não esse eu que vê cor nos dias ainda cinzentos, que vê esperança onde ainda dói, que vê distância como promessa de saudade findando. Não esse eu que vê amor onde brota desejo. Não esse eu que entende o desejo onde ainda não podemos falar de amor. Mas ainda assim...

Eu amo você. Daqui de um lugar onde não posso amar, de um lugar onde é impossível não amar. Eu amo você daqui de um lugar onde ainda é cedo demais pra falar de amor. E mais uma vez me pergunto se nos encontramos no momento errado, se não soubemos entender o momento certo quando ele se apresentou a nós ou se somos nós errados e o momento é somente o que fazemos dele. Eu amo você com toda sua liberdade, sendo inteiro, sendo um ponto de interrogação imenso no meu querer. Não compreendendo o que isso significa, tendo pavor do que isso significa, me sentindo livre com tudo que isso significa. E nada me preenche tanto quanto essa confissão que guardo do coração pra dentro. Ainda que seja uma confissão calada, contestada, relutante, angustiada, que faço. Tudo isso daqui, enquanto olho sua foto. Daqui, das minhas entrelinhas, querendo que seja você meu lugar. 

terça-feira, 2 de março de 2021

(In) Infeliz.


"Eu não estou feliz assim, aqui, desse jeito."  É isso que a minha alma me diz todos os dias. A angústia pesa e por vezes me leva ao chão. Ali,em postura fetal, entregando soluços e lágrimas a terra, busco maneiras de alcançar alívio, de me abraçar e me pertencer  outra vez. 
E dói tanto...  A vontade é me abandonar naquele instante, pedindo para não ser encontrada ou questionada mas a dor me lembra que se abandonar não é se curar. 

Então entrego à vida toda vulnerabilidade que me sufoca e tento por para fora os gritos de "eu não aguento mais" que sinto ecoar em cada parte minha. Não consigo, é como se minha garganta estivesse sendo sufocada por mãos muito mais fortes do que minha esperança.

Todas as vezes sinto como se não fosse capaz de suportar a próxima mas suporto, levanto e sigo. Para onde sigo ainda não sei. 

Se agora eu fechar os meus olhos, claramente me vejo numa espécie de cisão, onde cada pedaço por mais estranho, doloroso, errado ou puro que seja,  tem uma razão para continuar existindo. Cada pedaço luta para continuar existindo, cada possibilidade a mim apresentada parece trazer felicidade e pavor concomitantemente. 

Estar onde estou dói, mover- me e tentar sair dele dói, existir dói. Não o existir no sentido de ter uma vida, isso não. Dói no sentido de saber que tenho algo tão precioso e não tive coragem de tomar para mim, não tive coragem de gritar e espantar os meus demônios, não tive a coragem de ir ao encontro da minha paz, ao encontro da minha felicidade.

Dói ver minha covardia dizer amém a sonhos, exigências e planos que não são meus. Dói ser silêncio quando decido não ser voz por medo de não suportar outro choro que não seja o meu. Sabe como é a gente se acostuma com o eco da própria dor e não a deseja pra mais ninguém.

Ela continua me lembrando...

Eu não estou feliz assim, não aqui, não desse jeito.
Queria tanto...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Arrepio

Você tem dez minutos pra me pegar aqui no seu portão, ou eu entro porta afora, subo pela janela ou se preferir começo a gritar seu nome daqui da rua. Já vim na intenção de acordar seus vizinhos mesmo.  
Vem cá, me deixa chegar perto. Chega de sussuros no breu, de gozo sufocado em "se". Quero o nosso agora e vim busca-lo. Vem, transforma nossas letras em verbo e troca o "quero" pelo "faço".
Foram muitas noites regadas à suor antes dessa coragem me tomar e eu estar aqui na sua frente. 
Para de me olhar desse jeito, como quem não sabe se foge, se corre pra mim ou me manda embora. Caramba! Finalmente estou aqui. Ou você me leva pra o teu quarto agora, ou vem aqui, cola em mim e fala que não sente nada, que meu corpo não chama o seu e tudo que sentimos distantes um do outro era brincadeira, mentira.  Mas fala me olhando de frente, me encara. 
Isso, me dá sua mão aqui. Sente, meu coração desorientado esperando seu abraço acabar com essa agonia.Sei que sou louca, que tem muita coisa em risco , mas não é isso que faz a vida valer a pena? 
Esse arrepio que percorre nossa pele...nossa energia confirmando o que já sabíamos a meses. Nós tínhamos que acontecer. Pra quê deixar pra depois?
A temperatura da sua pele me parece familiar, seu abraço "pedaçinho de paz" desfaz minha pressa e aumenta minha urgência de você (É, sou um poço de contradições e todas elas te querem). O cheiro da sua nuca pede mordida e eu dou. Sua boca não resiste e captura a minha. O beijo é uma dança que nossos lábios parecem ter ensaiado outrora. É como ler uma história inédita com olhos de dejavu.
Abruptamente, você interrompe o enlaçar de línguas. Respira profundamente, sorri e me olha com estranha calmaria​, tocando os meus lábios. Beijo sua mão. Nos calamos. Silêncio palpável, denso, lindo. As mãos se unem, sorrimos juntos. Nascemos nesse instante. 
Então você me conduz para sua casa. Meus olhos curiosos percorrem os cômodos querendo capturar cada história sua escondida nos móveis, quadros, cortinas e porta-retratos. E como se cada passo tivesse o dom de me submergir em você.
Diante do quarto as pernas tremem. Fecho os olhos e todos os áudios que trocamos em nossas conversas passam em uníssono em minha mente. Seu cheiro me toma mais uma vez. Você abre a porta, me beija sedento, percorre meu pescoço com os lábios, olha para mim e rasga o meu vestido.  Os seios eriçados amostra convidam sua boca mas a sua urgência é outra...
Mãos firmes encaixadas no meu quadril me virando de costas. Calcinha de renda branquinha, contrastando a minha pele, que a essa altura já escorre suor e mel. Os dedos arrancam a lingerie com tamanha facilidade, tal qual criança amassa papel de bala. Um tapa. Uma mordida na nuca. Você sussurra em meu ouvido. Roça em mim. Rebolo. Gemo. Você não resiste e mete...

(23:40) - "Moreno, tá aí ainda? Me deixou falando sozinha de novo. 😜"
(00:30) "Deixei falando sozinha nada. Foi mal, é que acabei dormindo aqui. Até sonhei contigo 😏"
(00:32) "Hum... Sério? Sonho bom?"
(00:33)  (Foto) "olha,tô assim desde que acordei. Cê acha que foi bom?"
(00:33) " Acho que você tem que vir aqui agora abrir esse portão pra mim, antes que eu arrombe ele" 
(00:34) "Hahahahahaha."
(00:35) "É sério. Se quiser que eu grite seu nome daqui da rua pra você acreditar, por mim tudo bem"
(00:36) "Eita carai! Quero que você grite mas aqui no meu quarto. Tô indo"

(Arrepio)

Eu te avisei que era louca. 
Tá me olhando assim por quê? Não vai me convidar pra entrar?


terça-feira, 6 de outubro de 2020

Além do Agora

"Oi amor." De onde te escrevo essa é a primeira coisa que dizemos quando o sol nos acorda. Mas é melhor eu ir com calma, não quero te assustar. 

Te escrevo de uma realidade bem avessa a nossa atual, um universo paralelo, uma alternativa de futuro. Por aqui tudo é bem mais bonito. Pode acreditar em mim. 

Nossa casa é simples, nunca vi um lugar caber tão bem na palavra lar. Ela tem cheiro de lavanda e alegria. No quintal temos gramado, árvores e uma rede. A propósito, ele, o quintal, é nosso lugar favorito. Lá nossos bichinhos fazem a festa com nosso pequeno (é, respira fundo. Eu sei que é muita informação.)

Nosso guri é lindo. Ele tem seu sorriso, seu amor pela liberdade, meu jeito desastrado e nossa teimosia. Aliás, isso nos rende belas gargalhadas.

Não temos muito dinheiro. Às vezes, cortamos alguns gastos para poder dar conta de viajar em algum feriado. A verdade  é que somos ricos, porque somos felizes. Conhecemos muitos lugares juntos e temos muitos outros pra conhecer. Ainda assim, voltar pra casa continua sendo o que nos aconchega o coração.

Você deve estar aí se perguntando se enlouqueci de vez ou porquê digo tudo isso agora. Sabe, é que aí nessa confusão toda parece que nada vai dar certo. Eu não te passo segurança alguma, escorrego entre os dedos, fujo e não desato do que me traz sofrimento por corvadia. O senhor também não é nada fácil, né? Se soubesse quantas crises o seu jeito quieto e seus sumiços repentinos me renderam... 

Pensar que eu gosto sozinha, que você não se importa com sentimentos e tem planos instantâneos pra mim, que só quer matar sua curiosidade e sumir, é nove entre os dez pensamentos que tenho. Me sinto tão pequena perto do tanto que te quero. Me sinto tão insuficiente quando penso no tanto que você merece receber de alguém... Vai demorar pra eu acreditar que não é brincadeira quando você diz que me quer também.

Dúvida. Esse é o nosso "calcanhar de Aquiles". Por causa dela não me entrego totalmente. Por causa dela e do medo de largar o "certo pelo duvidoso". Por causa dela você também não consegue confiar em mim para falar abertamente sobre o que sente. 

Amor, tenha um pouco de paciência. Pode demorar um pouco mais do que o esperado mas eu vou entender que o que eu acho certo já não faz sentido a muito tempo e o duvidoso é a maior certeza que tenho. Eu vou ter coragem, um dia.

Enquanto isso, algumas pessoas vão te chamar atenção, seu coração pode brincar de acelerar longe de mim, seu corpo vai pedir formas mais  atraentes que a minha. Vai doer em mim. Vou fazer o que puder pra sumir da sua vida, acreditando que nunca signifiquei nada pra você. Mas nosso laço é forte demais pra se romper.

A gente vai ser feliz. Vou chorar bastante antes disso, vou sofrer, vou fazer gente sofrer. Vou te odiar em alguns momentos. Te peço perdão por isso também. Nunca fui boa em lidar com sentimento. Ser racional me parecia mais acertivo. Foi você que me ensinou a lidar com minha intensidade entrelaçada à minha mania de pensar demais.

"Prazer, sou o amor da sua vida."

Obrigada por isso e por cada memória bonita que construímos juntos. E pelas outras tantas coisas que gostaria de te contar agora, como nosso primeiro (re) encontro, a forma como a gente se encaixa melhor do que imaginávamos, como o beijo nos trouxe certezas, como o sexo é um caso a parte da nossa vida e você vai gostar da minha voz ao pé do ouvido muito mais do que pensa, como seu cheiro ainda me deixa louca ou como a gente se diverte sendo melhores amigos além de companheiros de vida...

Agora eu preciso ir. Por aqui, nosso filhote dorme depois de uma tarde inteira correndo, e você me convida para o banho. (Sabia que até hoje não consigo te dizer não?  Você continua sendo meu ponto fraco. E eu o seu.)

Até breve. 

Desde sempre e pra depois do sempre; quando eu ainda não sabia e depois de construir cada certeza... além do ontem e do agora.

Te amo.

sábado, 5 de setembro de 2020

Resgate

Aqui, pensando em me despedir de nós, revisito memórias na intenção de encontrar o ponto exato em que nos encontramos. É como se houvesse algo seu em mim desde sempre. Como se minha vontade de ser feliz fosse sempre rascunhada por um sorriso igual ao seu. 
É como se estivéssemos sempre andando lado a lado mas a vida só permitisse que nos esbarrassemos em um dado momento. Como se a presença sempre estivesse ali mas o laço ainda não. 

E esse laço, arrisco dizer, está além do que entendemos por realidade. Somos um em bem querer independente de quantos precisamos ser com outras pessoas que cruzem nossos caminhos. Esse laço que me arranca lágrimas, sorrisos e sonhos, mas infelizmente, não foi capaz de arrancar minha covardia. 

Carrego no peito um peso que limita seu lugar em meu coração. Limita quem eu sou, quem eu quero ser, quem eu quero que a gente seja junto. Alguns dias é insuportável, desejo desaparecer e de certa forma até o faço. Me falta o grito, o pedido: "socorro". Sei que seus braços se estendem pra mim mas o medo deles me soltar é muito maior do que a dor de não suportar caminhar sozinha. 

Minhas trevas cultivaram criaturas que se afeiçoaram a mim a tal ponto de ser uma parte de quem sou, e quando sumo, é para que elas não te alcancem, não te traguem. Me agarro a elas, ainda que todos os dias pense em mata-las. O medo de me perder meio a agonia delas é assustador. Mais do que conviver com elas. E sigo sufocada.

Teu sorriso veio para me trazer refrigério. É a lembrança a qual me agarro todas as vezes que sinto que a escuridão vai me vencer de vez. Sua luz me traz de volta pra mim. Respiro. Vejo o mundo colorido outra vez e descanso, brevemente, sonhando com um mundo só nosso. Brevemente...

Preciso considerar a despedida, reconsiderar, na verdade. Perdi as contas das vezes que as lágrimas foram a única forma de dizer a vida que precisava desistir, que precisava deixar de sentir. Porque sentir me obrigaria a encarar dores que ainda não sou capaz de elaborar. Dores que não são totalmente minhas. Outros olhos derramariam ausências que eu não sou capaz de confrontar. Minha covardia me diz que felicidade é um preço alto demais para pagar, e por falar em pagar, tenho que honrar as escolhas que me trouxeram até aqui, até o fim. Nem que esse fim seja o do meu eu, do meu sentir.

Talvez você nunca entenda. Meu amor nas entrelinhas, declarado. Meu desejo descompensado.Meu cuidado em oração, minha insegurança, meu jeito ingênuo de sonhar. Talvez você não entenda o que me faz ficar aqui acorrentada ao que me corrói, sendo tudo em você tão leve, tão livre, tão seu. Tudo bem, a incompreensão é uma das que me esbofeteia a face. Te quero longe das minhas correntes. Te quero muito mais feliz do que posso hoje ser.

Talvez eu não consiga dizer adeus pra gente. Nem a mim consegui convencer ainda. Caso faça, só quero que nunca se esqueça que até aqui tudo em mim foi inteiro, até as metades que te entreguei. Que o que contive foi por egoísmo e também por proteção ao que vejo de mais bonito em ti: liberdade. Cada não foi um sim sufocado pela razão. Minhas ausências, a vontade insuportável de te ter cada vez mais perto de mim. 

Também não se esqueça que talvez você me veja sorrindo em uma foto ou outra. Meus sorrisos, longe de você, são apenas a minha tristeza do avesso, tentando me fazer sobreviver. 
 
E por fim, deixo um pedido: se minha saudade não suportar e for aí te eabraçar, não precisa dizer nada a ela. Só por favor, não a deixe morrer longe dos seus braços. E se puder, não se esqueça de mim. Saber que existe algo bonito meu em alguém é uma esperança de que um dia eu possa ir me resgatar. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Vapor


Confesso, imaginei esse momento várias vezes, de inúmeras formas mas agora, aqui, te olhando através do box, enquanto a água percorre seu corpo... É surreal. Meus olhos são capazes de passar horas e horas e horas, completamente​ viciados, devorando cada pedaço seu. Mesmo sabendo que o melhor momento é o que virá agora com esse sorriso que você dá ao me puxar para o chuveiro também.

O beijo me recepciona como se aquele fosse o primeiro instante que nossos lábios se encontram, como se minutos atrás não saíssem deles os gemidos que só nosso sexo causa. O abraço me encaixa, as mãos deslizando sabem o que fazer, conduzindo meu corpo em sincronia com o teu. Desejo condensando, virando vapor.

Boca, nunca, mordida, dedos, tapas e o sussurro fatal ao pé do ouvido "você só sai daqui quando gozar, filha da puta". As mãos firmes empurram minhas costas, meu dorso vai para frente, minhas mãos apoiam na parede, a bunda empina( já sabemos o que vem a seguir). Os dedos encaixados no meu quadril, meu mel escorrendo junto a água do chuveiro, meu corpo pulsando, pressentindo, convidando. Mas você provoca, desce de-va-ga-ri-nho, ajoelha, passa a língua, morde minha bunda, chupa minha boceta, me faz gozar gostoso e implorar: "Me come, filho da puta. Você não disse que iria me arregaçar? Mete logo esse pau, e com força."

Você levanta. Voltamos a posição inicial. Temos uma promessa a cumprir e sabemos disso. Te olho por cima do ombro e sorrio. Pronto, era o que faltava pra te tirar do sério. Uma mão segura meu cabelo, a outra aperta meu quadril, e você mete, tudo de uma vez... Peço tapa, você dá. Você manda eu gemer mais, eu grito. Corpos arrepiados, entregues a uma espécie de transe. Nosso tesão é quase palpável.

Não é novidade pra você que já toquei muitas pensando como seria quando suas ameaças se transformassem em algo mais gostoso do que a nossa imaginação, mas nada se aproximou dessa realidade aqui. Nada me fez chegar tão perto da insanidade do que ouvir sua respiração ofegante anunciando o gozo. E peço " me enche de porra, vai!" 

Lá vou eu gozar outra vez. As pernas fraquejam, você me segura, seu momento está perto de chegar também. Cada vez mais fundo, cada vez mais forte, cada vez mais rápido e... "Ahh!" Nossos corpos se entregam juntos, finalmente. 

Exaustos, saímos do banho. Pedimos pizza pra matar a fome que nossa gula por nós causou.

Te olho e você me devolve o gesto com um sorriso. Você me beija. A paz me abraça a alma. Pego a taça de vinho e mais uma vez te olho, assim, sentado diante de mim, com essa carinha de menino, encarando o último pedaço de pizza como quem já pensa na sobremesa, meu pensamento novamente é sequestrado pelo desejo.

Sorrio maliciosamente : "Quer sorvete?" Você entende, abre espaço na mesa e diz: "Dessa vez eu quero com calda"

E lá vamos nós outra vez...